Primeiro CD da Camerata

Participaram desta gravação os músicos:

Paulo Pedrassoli (direção musical), Gaetano Galifi, Fábio Adour, Célio Delduque, Valmyr de Oliveira, Rogério Borda, Ricardo Filipo e Artur Gouvêa.

Ficha Técnica

Engenheiro de som: Fernando Guilhon

Técnicos: Ricardo Cutz e Paulo Pedrassoli

Textos: Camerata de Violões

Tradução: Suzana Fuentes

Fotos: Daniela Fuentes

Coordenação de produção: Eliana Fonseca

Direção de arte: Flávia Portela; Assistente: Cris Lopes

Gravação realizada entre 14 e 17 de dezembro de 1998 na Sala Cecília Meireles, Rio de Janeiro

Editado no estúdio do Conservatório Brasileiro de Música e no homestudio de Paulo Pedrassoli

Batuque

 “Batuque” da ópera “Malazarte” (Oscar Lorenzo Fernandez)

Apesar de os portugueses darem o nome genérico de batuque a toda dança de negros da África, esse nome ficou ligado a uma dança com sapateado e palmas ao som de cantigas acompanhadas somente de tambores.

O batuque que faz parte do primeiro CD da Camerata de Violões foi extraído de “Malazarte”, a única ópera escrita por Lorenzo Fernandez. Na versão original, o autor surpreende o público ao utilizar violinos, violas e violoncelos virados ao contrário e percutidos, como tambores de um genuíno batuque. O arranjo do professor Ricardo Filipo traduz fielmente as intenções do compositor e revela profundo conhecimento das possibilidades timbrísticas e percussivas do violão.

Estudo nº 1, Estudo nº 2, Estudo nº 3

“Três Estudos em Forma de Sonatina Op. 62” (Oscar Lorenzo Fernandez), composta em 1938 essa peça é uma das obras mestras do repertório brasileiro para piano. Apesar de produzida sob orientação nacionalista, seus temas foram elaborados sem qualquer referência direta ao nosso folclore, muito em comunhão com o estágio que Mário de Andrade denominava “Inconsciente Nacional.” São estudos virtuosísticos, mas não deixam de constituir uma verdadeira sonatina em três movimentos. Foram transcritos para quatro naipes de violão por Fábio Adour.

Introdução – Embolada, Modinha, Fuga – Conversa

“Para Villa-Lobos, a música de Bach é um fenômeno cósmico, do infinito astral, que se reproduz nas várias partes do globo terrestre com tendência a universalizar-se”. A primeira das nove Bachianas, composta em 1930, para orquestras de violoncelos, é aqui apresentada numa belíssima transcrição para conjunto de violões, feita por Sérgio Abreu, um dos maiores mestres deste instrumento.

Obra riquíssima em temas de brasilidade regionais que justificam os subtítulos dos três movimentos que a formam: “Embolada”, “Modinha” e “Conversa”. Através de suas harmonias contrapontos, Villa-Lobos consegue criar com maestria o ambiente de profundidade e enlevo que dignificam a sublime homenagem ao mestre dos mestres: J. S. Bach

Imagem Carioca

Foi escrita para orquestra sinfônica em 1967 e imediatamente transcrita, pelo compositor para banda sinfônica. Embora obra da juventude, ambas as versões tornaram-se peças das mais das mais populares de seu repertório. Em 1987, num concerto comemorativo dos 25 anos de sua carreira de compositor, no Museu Villa-Lobos, Tacuchian apresentou outra versão da obra, agora para quarteto de violões. Esta, da mesma forma, alcançou a preferência dos principais conjuntos do gênero. A peça sugere um ensaio de bateria de uma escola de samba, com uma seção central de caráter modinheiro.

Música Mundana

Esta música é composta em forma de fuga. A fuga é uma forma de composição típica do período Barroco cujo maior expoente é Johann Sebastian Bach. A fuga se caracteriza por ser composta por várias vozes que sucedem dando a impressão de estarem fugindo umas das outras. Alexandre Eisenberg compôs esta obra originalmente para três harpas, realizando ele próprio uma transcrição para seis violões, especialmente para os músicos da Camerata de Violões. A intenção é retratar uma atmosfera mundana, ou seja, de diálogos e conversas justapostas que no final se atropelam dando uma sensação de confusão generalizada do mundo.

Cor Esperança

Composição de 1996, foi concebida em três partes (abertura 9/8, canto e tema) e dedicada a Camerata de Violões. Teve seu primeiro esboço realizado no ano de 1991. A imagem motivadora da composição é de uma mistura de cores preferencialmente verde, amarelo, azul e branco em movimento numa aquarela. A inspiração dessa música é a da persistência em um caminho de sabedoria e paz.

Ares Nordestinos – Caatinga, Sertão, Festa na Roça

Italiano de nascimento, Gaetano Galifi é um profundo admirador dos ritmos brasileiros e particularmente das riquezas que emanam do Nordeste. Ao elaborar esta obra, o autor procura caracterizar a rudeza da Caatinga, a melancolia do Sertão e a alegria de uma festa na roça, reportando o ouvinte aos ares nordestinos. Apesar da conotação folclórica, as melodias são originais com exceção de uma pequena citação de “Asa Branca” no terceiro movimento.

Fantasia Sobre o Baião de Luiz Gonzaga

Baião, sinônimo de baiano, é um gênero de música popular caracterizado principalmente pelo rítmo sincopado. Sua origem remonta ao século XIX e suas melodias são reminiscências dos tocadores de côco e tocadores de viola e rabeca. No século XX, o Baião foi popularizado por Luís Gonzaga, autor consagrado de grandes sucessos como “Asa Branca” e a música intitulada “Baião.” Esta última inspirou Valmyr de Oliveira a compor a fantasia que aqui apresentamos. Nela, intercalam-se temas e motivos do “Baião” original com um interlúdio e em tom menor e uma vibrante seção rítmica, onde o compositor esbanja talento ao tratar alguns violões como instrumentos de percussão, imitando a zabumba e a caixa clara.

Música para a Camerata de Violões

Num sábado de 1997, os oito integrantes da Camerata foram passar uma tarde com o grande compositor Hermeto Pascoal na sua casa em Bangu. Não demorou muito para que ele pegasse um cavaquinho e transmitisse suas ideias freneticamente para o grupo de violonistas. A música surgiu em poucas horas, mas só ganhou sua forma final graças ao trabalho do Fábio Adour, que acrescentou alguns trechos e terminou de estruturar a composição.

Violofônika

Esta peça de João Mendes integra ciclo de peças escritas numa linha experimental, onde a preparação do instrumento é determinante para a sonoridade e a concepção da obra. Os violões são divididos em dois grupos: “normal” (não preparados) e “amplos” (preparados de forma não usual). Formas lúdicas, técnicas de improvisação e a dimensão visual e cênica são integrados e redimensionados numa perspectiva pessoal. Obra concluída em 1996 e dedicada a Camerata de Violões, teve sua primeira audição no mesmo ano, no “Panorama da Música Brasileira.”

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